POR QUE ELES NÃO DESPERTAM?

Os Estados Unidos não cairão nunca — Já estão caídos! E isso se aplica à Inglaterra também. Nunca serão escravizados — seu povo já se acha acorrentado pelas cadeias de uma anarquia moral que eles mesmos criaram, eles mesmos escolheram. Aqui vivem milhões de pessoas moralmente enfermas que não desejam a cura.
Estão comprando ilusões, e pagando com a própria alma imortal, e não apenas rejeitam a Realidade, mas zombam e criticam dela abertamente.
A sociedade está sendo inundada por uma avassaladora maré de transgressão à lei de Deus, de desobediência ao Senhor, de uma iniqüidade que destrói a alma humana. Hoje, as massas humanas estão vendendo a alma ao diabo a preços vis, e de uma forma até então nunca vista. “Já ninguém há... que se desperte, e te detenha”(Is 64.7). Que “quebranto” infernal é esse que os aprisiona? Por que tal fascínio os prende? Quem lhes aplicou essa lavagem cerebral?
Por que não despertam e reagem?
Parece que o mundo, sob a direção do diabo, deu uma nova injeção de força à carne. Um dos sinais dos últimos dias é que os homens seriam mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus”.
(Observemos que prazeres está no plural.) E onde é que se prepara essa iguaria do inferno? Nas destilarias do mundo. O argumento de que em alguns casos os governos das nações subsidiam essas indústrias para que mantenham alta a oferta de empregos é muito fraco. As destilarias são perfeitas “creches” onde se nutrem assassinos que andam por aí portando armas, ou em seus automóveis, dirigindo embriagados. Nos tribunais julga-se o fruto da bebida; o avivamento aniquilaria essa planta mortal pela raiz.
O louco carrossel da sensualidade acha-se carregado de milhões e milhões de jovens que aguardam sua iniciação na prática da iniqüidade. Quando o erro é apresentado como algo tão agradável, a juventude pecaminosa e libertina não se interessa em praticar o bem.
Por uma hora dessa vida “maravilhosa”, dizem eles, vale muito a pena arriscar essa especulação que os teólogos chamam de “eternidade”. Pensemos por um instante. Pode haver burrice maior ou prática mais animalesca do que um concurso de cerveja? O vencedor é aquele que ainda permanece de pé depois que todos os outros, grunhindo como porcos, já caíram no chão, inconscientes pela bebida. É uma competição praticada não apenas pelo homem das cavernas, mas também pelos novos intelectuais, que se acham fisicamente saciados, de alma manchada e irremediavelmente entregues à iniqüidade.
Saturados de luxúria, jogo e bebida, esses indivíduos (adultos no corpo, mas moralmente retardados) entoam o lamento de Lord Byron: “Hoje só tenho cinzas onde antes tinha fogo,
a alma que havia em meu corpo está morta.
O que antes eu amava, agora apenas admiro.
Meu coração é tão grisalho quanto meus cabelos”.
Se a igreja tivesse algo de mais vivo, positivo para apresentar a essas pessoas que de dia estão nos clubes recreativos e de noite nas
boates, talvez elas pudessem ser afastadas desses locais de carnalidade.
O de que precisamos nesta hora é corações fervorosos, olhos que choram e lábios dispostos a propagar o evangelho. Se tivéssemos um décimo da espiritualidade que julgamos ter, aos domingos as ruas de
nossas cidades ficariam cheias de filas de crentes marchando para Sião, com “pano de saco e cinzas”, lamentando a calamidade que fez com que a igreja se tornasse essa coisa sem beleza, sem ardor e improdutiva que hoje é. 
Se chorássemos em nosso aposento de oração como choram os judeus no Muro das Lamentações em Jerusalém, estaríamos vivendo um constante avivamento, uma constante renovação de vida. Se retomássemos a prática dos apóstolos — de esperar no Senhor a vinda do poder apostólico — teríamos condições de sair a pregar o evangelho com as mesmas possibilidades apostólicas. Mas nestes dias a maior preocupação nossa é: “Estão todos satisfeitos?” O propósito de Deus para nós não é que experimentemos felicidade, mas santidade. O fato, porém, é que a sensatez deu lugar à insensatez, embora Paulo, escrevendo a Tito, tenha recomendado tanto a jovens como a velhos: “Sejam sensatos”.
Não há dúvida de que hoje precisamos novamente nos pôr de joelhos e escalar a colina do Calvário assim, em oração, e contemplar a cruz com atitude de humildade e adoração. Primeiro a igreja terá que se arrepender, depois o mundo se quebrantará. Primeiro, a igreja terá que chorar; depois, os altares ficarão cheios de pecadores arrependidos.
Quando o psicólogo William James, professor da faculdade de medicina da Universidade de Harvard, encontrava-se no auge de sua atuação, foi acometido de uma misteriosa enfermidade. Estava com os nervos abalados. Sofria de insônia e passava por profunda depressão. Mas não sabia o que fazer para se curar. Foi para a Europa. Será que encontraria a cura em Berlim? Mas ali ele não encontrou nenhuma esperança. E que tal Viena? A mesma coisa. Será que em Paris não acharia a solução de seu mal? Mas ali também não se encontrava o remédio para ele. Seu desespero foi aumentando. Foi a Londres, e depois à Escócia, mas em nenhum lugar havia cura. Voltou para os Estados Unidos, com a idéia de suicídio a passar-lhe pela mente. Afinal, alguém lhe recomendou um homem que orava por enfermos. A cura divina era um anátema para William James, famoso filósofo e psicólogo. Sua mente privilegiada e todo o seu conhecimento intelectual protestavam contra tal recurso. Mas não havia outra saída. Foi. Então aquele crente simples, iletrado, impôs as mãos sobre a cabeça do filósofo e orou. Mais tarde, James relatou o seguinte:
“Senti uma energia misteriosa perpassar meu corpo, e logo depois me sobreveio enorme sensação de paz. Compreendi que fora curado”.
Mas parece que, quando se trata de curar a enfermidade maligna deste mundo louco, o Abana da ciência e o Farfar da política são bem mais interessantes para nós, com nossa vontade obstinada e nosso intelecto desvirtuado, do que a cruz de Cristo. O fato porém é que, se quisermos ver a restauração da humanidade, teremos que ser humildes como foi William James, e voltar à cruz de Jesus e ao seu
poderoso sangue.
- Leonard Ravenhill


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